Hippolyte Léon Denizard Rivail nasceu em Lyon, França, em 3 de outubro de 1804. Estudou em Yverdon (Suíça) com o célebre Johann Heinrich Pestalozzi, de quem se tornou um eminente discípulo e colaborador. Aplicou-se à propaganda do sistema de educação que exerceu tão grande influência sobre a reforma dos estudos na França e na Alemanha. Lingüista insigni, falava alemão, inglês, italiano, espanhol, e holandês. Traduziu para o alemão excertos de autores clássicos franceses, especialmente os escritos de Fenélon (François de Salignac de Lamothe).

 

Fundou em Paris, com sua esposa Amélie Gabrielle Boudet, um estabelecimento semelhante ao de Yverdon. Escreveu gramáticas, aritméticas, estudos pedagógicos superiores; traduziu obras inglesas e alemãs. Organizou, em sua casa, os cursos gratuitos de química, física, astronomia e anatomia comparada.

 

Membro de várias sociedades sábias, notadamente da Academia Real de Arras, foi premiado, por concurso, em 1831, com a monografia Qual o sistema de estudo mais em harmonia com as necessidades da época? Dentre as suas obras destacam-se:

· Curso prático e teórico de aritmética, segundo o método de Pestalozzi (1824);

· Plano apresentado para o melhoramento da instrução pública (1828); e

· Gramática francesa clássica (1831).

 

Foi em 1854 que o Prof. Rivail ouviu falar nas mesas girantes, fenômeno mediúnico que agitava a Europa. Em Paris, ele fez o seus primeiros estudos do Espiritismo. Aplicou à nova ciência o método da experimentação: nunca formulou teorias preconcebidas, observava atentamente, comparava, deduzia as conseqüências; procurava sempre a razão e a lógica dos fatos. Interrogou os Espíritos, anotou e ordenou os dados que obteve. Por isso é chamado Codificador do Espiritismo. Os autores da Doutrina são os Espíritos Superiores. A princípio Rivail objetivava apenas sua própria instrução. Mais tarde, quando viu que tudo aquilo que formava um conjunto e tomava as proporções de uma doutrina, decidiu publicar um livro, para a instrução de todos. Assim, lançou O Livro dos Espíritos em 18 de abriu de 1857. Adotou o pseudônimo Allan Kardec, em referência a uma precedente existência, a fim de diferenciar a obra espírita da produção pedagógica anteriormente publicada.

 

Em janeiro de 1858 lançou a Revue Spirite (Revista Espírita) e em abriu do mesmo ano fundou a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Em seguida, publicou O que é o Espiritismo (1859), O Livro dos Médiuns (1861), O Evangelho Segundo o Espiritismo (1864), O Céu e Inferno (1865) e A Gênese (1868). Kardec desencarnou em Paris, em 31 de março de 1869, aos 64 anos, de um acidente cardiovascular. Seu corpo está enterrado no cemitério do P’ere-lachaise, na capital francesa. Seus amigos reuniram textos inéditos e anotações no livro Obras Postumas lançado em 1890.

 

FEB - Federação Espírita Brasileira

Biografia
"Fora da 
caridade 
não há 
salvação"Caixa de texto: Allan kardec

Hippolyte léon denizard rivail

                 Allan Kardec, pseudônimo de Hippolyte-Léon-Denizard Rivail, nasceu em Lyon, na França, às 19horas do dia 3 de outubro de 1804. No ano seguinte, em 15 de junho de 1805, Rivail foi batizado na igreja Saint-Denis de La Croix Rousse, pelo padre Barthe. No registro de batismo consta o seu nome como: Hippolyte-Léon-Denizard Rivail.

                 Rivail fez na cidade de Lyon os seus primeiros estudos.

                 Em 1814, com dez anos de idade, foi transferido para a Suíça, onde completou a sua bagagem escolar no Instituto Pestalozzi de Yverdon, fundado e dirigido pelo célebre professor Johann Heinrich Pestalozzi.

                 Conforme Alkermann, também aluno de Pestalozzi em Yverdon, “o ensino ali era essencialmente heurístico, isto é, o aluno é conduzido a descobrir por si mesmo, tanto quanto possível por seu esforço pessoal, as coisas que estão ao alcance de sua inteligência, em vez de elas lhe serem ministradas dogmaticamente pelo método catequéstico”.

                 “Aí nasceram as idéias que mais tarde o colocaram (Allan Kardec) na classe dos homens progressistas e dos livres-pensadores.” (Revue Spirite, maio de 1869.)

                 Ali viveu “num pequeno universo humano, que o marcou para sempre, e a figura do mestre (Pestalozzi) veio a ser para ele a própria imagem do chefe que dirige e educa os homens. Percebemos, então, por que a vida de Allan Kardec, que se identifica com a codificação do espiritismo prático, não é compreensível sem a vida escolar de Denizard-H.-L. Rivail”. (A. Morreil.)

                 “Pestalozzi pode ser considerado como o pai espiritual de Rivail, da mesma forma que Jean-Jacques Rousseau foi o pai espiritual de Pestalozzi.”

                 Em janeiro de 1823 Rivail já vivia em Paris à rue de la Harpe. Com apenas dezoito anos de idade, o jovem professor colocara em prática sua vocação para o magistério e a de tradutor de livros. No final deste mesmo ano, em 6 de dezembro, a bibliografia da França registrava o aparecimento do seu primeiro livro: o Curso prático e teórico de aritmética - por H.-L.-D. Rivail.

                 Lançado em dois volumes e elaborado em harmonia com o sistema pestalozziano, o professor Rivail procurava, com esta obra, introduzir as crianças no conhecimento dessa ciência, através de uma instrução sólida e acessível, dando um sentido prático e utilitário. Este livro surpreendeu todos pela qualidade pedagógica, teve rápida aceitação e o sucesso foi imediato. Com duas edições no mesmo ano de 1824, o livro continuou sendo editado até o ano de 1876.

                 Ainda no mesmo ano de 1823, interessado pelo magnetismo animal, Rivail começa a freqüentar os trabalhos da Sociedade de Magnetismo de Paris, vindo a ser, ele próprio, um magnetizador.

                 Magnetismo: teoria de Franz Anton Mesmer, médico austríaco (1733-1815), segundo a qual todo ser vivo seria dotado de um fluido magnético capaz de se transmitir a outros indivíduos, estabelecendo-se assim influências psicossomáticas recíprocas, inclusive com fins terapêuticos.

                 No ano de 1825, Rivail, agora com 21 anos de idade, dirige a “Escola de Primeiro Grau”, onde segue os métodos de seu mestre Pestalozzi.

                 Em 1826, fundou o Instituto Técnico Rivail, financiado pelos tios maternos, modelado no recém-extinto Instituto de Yverdon.

                 “A educação é a arte de formar os homens; isto é, a arte de fazer eclodir neles os germes da virtude e abafar os do vício; de desenvolver sua inteligência e lhes dar instrução própria às suas necessidades; enfim, de formar o corpo e de lhe dar força e saúde. Numa palavra, a meta da educação consiste no desenvolvimento simultâneo das faculdades morais, físicas e intelectuais. Eis o que todos repetem, mas o que não se pratica.” (Rivail - Textos pedagógicos. Editora Comenius, 1998 - p.15). Professor Rivail dedicou sua vida à educação, convencido de que, só através dela, poderemos melhorar o ser humano.

                 Em 1831, três novos livros:

                 - Memória sobre a instrução pública foi enviado à comissão encarregada pelo governo de preparar um projeto de lei sobre o ensino.

                 - Gramática francesa clássica de acordo com um novo plano, em cujas páginas revelara profundo conhecimento lingüístico.

                 - Qual o sistema de estudos mais em harmonia  com as necessidades da época? Trata da reforma dos estudos clássicos, premiada pela Real Academia de Ciências de Arrás, em 1831.

                 Neste mesmo ano de 1831, Rivail conheceu aquela que seria sua companheira e principal colaboradora, a professora de letras e belas-artes Amélie-Gabrielle Boudet.

                 No dia 9 de fevereiro de 1832, Rivail e Amélie se casaram e passaram a residir no Instituto Técnico Rivail, que se situava na rua de Sèvres nº35.

                 Em 1834, Rivail é forçado a vender os Instituto Técnico Rivail, pois, seu tio e sócio capitalista, perdidamente apaixonado pelo jogo, endividado requer sua parte do investimento. O professor e sua esposa ficaram sem um níquel.

                 Longe de desanimar, o Sr. e Sra. Rivail lançaram corajosamente no trabalho. Fez a contabilidade de três empresas e à noite escrevia gramáticas, aritméticas e traduzia livros.

                 Rivail foi um burguês liberal, convencido pelo ideal republicano de liberdade, igualdade e fraternidade, e pertenceu à geração dos socialistas utópicos que foram frustrados pelos fracassos da revolução de 1848. Procurava mudar o mundo apoiando-se sobre as descobertas da ciência e da educação, herdados das idéias progressistas do século XVIII. Rivail acreditava que aquele que estudar as ciências “rirá da credulidade supersticiosa dos ignorantes... Ele não mais crerá em almas do outro mundo e em fantasmas. Não mais tomará fogos-fátuos por espíritos”.

                 “Numerosos foram os precursores do Espiritismo que evidenciaram a comunicação dos supostos mortos com os vivos da Terra, revelando-nos um novo mundo de conhecimentos até então semi-ocultos aos homens. As visões do sábio sueco Swedenborg, as profecias de Cagliotro, ou os fenômenos mediúnicos produzidos em 1840, na Alemanha, pelo médium inconsciente Gottlieben-Dittus; a clariaudiência, de Charles-Lousi, as retumbates comunicações dos Espíritos obtidas desde 1840 por intermédio da sonâmbula Adèle Maginot ... as pancadas e os ruídos misteriosos após a saída do antigo dono e a entrada da família Fox nos Estados Unidos.”

                 E as mesas girantes? “Aqueles que giram mesa e chapéus são quase todos de boa-fé; mas eles se enganam ao crerem que é por um ato de sua própria vontade ou por uma efusão de fluido magnético    que fazem girar o objeto inanimado posto sob seus dedos...” (Jornal de Patrie - Paris, 18 de 05/1853).

                 “A minha primeira iniciação no espiritismo foi em 1854 que pela primeira vez ouvi falar das mesas girantes” dizia Rivail; “encontrei um dia o magnetizador, Senhor Fortier, a quem eu conhecia desde muito tempo e que me disse: - Já sabe da singular propriedade que se acaba de descobrir no Magnetismo? Parece que já não são somente as pessoas que se podem magnetizar, mas também as mesas, conseguindo-se que elas girem e caminhem à vontade. (...) “Algum tempo depois, encontrei-me novamente com o Sr. Fortier, que me disse: - Temos uma coisa muito mais extraordinária; não só se consegue que uma mesa se mova, magnetizando-a, como também que fale. Interrogada, ela responde. - Isto agora, repliquei-lhe, é outra questão.” (Rivail)

                 Foi nas sessões em casa do Sr. Baudin que Rivail começou os seus estudos sérios de Espiritismo. “Uma noite, seu Espírito protetor, Z., deu-lhe, por um médium, uma comunicação toda pessoa, na qual lhe dizia, entre outras coisas, tê-lo conhecido em uma precedente existência, quando, ao tempo dos Druidas, viviam juntos nas Gálias. Ele se chamava, então, Allan Kardec e, como a amizade que lhe havia votado só fazia aumentar, prometi-lhe esse Espírito secundá-lo na tarefa muito importante a que ele era chamado, e que facilmente levaria a termo.” (Henri Sausse - Op.cit.p.18).

                 No dia 25 de março de 1856, Kardec, em casa do Sr. Baudin, através da médium Srta.Baudin, recebe a seguinte afirmativa: “para ti, chamar-me-ei A Verdade e todos os meses, aqui, durante um quarto de hora, estarei à tua disposição.”

                 No dia 18 de abril de 1857, um sábado de primavera, O Livro dos Espíritos e Allan Kardec, foram, pela primeira vez apresentados ao público na Livraria E. Dentu, Galeria de Orléans, nº13, Palais Royal, Paris.

                 Com o êxito de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec percebeu a necessidade de criar um meio de comunicação onde fosse possível aos diferentes grupos trocarem informações entre si, receberem novas instruções e respostas para suas dúvidas. Em 15 de novembro de 1857, através da médium Ermance Dufaux, ele consulta seus amigos espirituais sobre a viabilidade do seu plano e um dos espíritos lhe transmitiu as seguintes instruções: “Será preciso que lhe dispenses muito cuidado, a fim de assentares as bases de um bom e durável êxito. A apresentá-lo defeituoso, melhor será nada fazer, porquanto a primeira impressão pode decidir do seu futuro...” Kardec, sem hesitar, coloca seu plano: “Apressei-me a redigir o primeiro número e fi-lo circular a 1ºde janeiro de 1858, sem haver dito nada a quem quer que fosse.” Estava lançada a Revista Espírita (Revue Spirite Jounal D´Études Psychologiques).

                 No dia 15 de janeiro de 1861, Kardec publica O Livro dos Médiuns. No dia 9 de outubro do mesmo ano, foi praticado um auto de fé com livros espíritas em Barcelona, na Espanha. “Podem queimar livros, mas não se queimam idéias; as chamas das fogueiras as superexcitam, em vez de extingui-las. Ademais, as idéias estão no ar, e não há Pireneus bastante elevados para detê-las; e quando é grande e generosa uma idéias, encontra milhares de corações dispostos a almejá-las.” (Allan Kardec). 

                 Em abril de 1864, a 1ªedição de o Evangelho Segundo O Espiritismo vem a público, porém a 3ªedição e revisada é publicada no ano seguinte.

                 No dia 1º de agosto de 1865, Allan Kardec publica o livro O Céu e o Inferno.

                 Em janeiro de 1868 Kardec apresenta ao público A gênese, completando o que conhecemos como o Pentateuco.

                 Em 31 de março de 1869, Allan Kardec desencarna e seu corpo foi enterrado no cemitério de Montmartre, em Paris, no dia 2 de abril de 1869.

                 “Até à vista, meu caro Allan Kardec, até à vista!” foram as últimas palavras de Camille Flamamarion em seu discurso pronunciado junto ao túmulo de Allan Kardec.

                 Em março de 1870, os despojos mortais de Allan Kardec foram transferidos para o cemitério do Père-Lachaise, em Paris, ao lado de Balzac, Chopin, Molière, Lafontaine, Proust, Delacroix...

 

 

“Se o Espiritismo fosse fundado no pensamento

preconcebido da existência dos Espíritos, poder-se-ia, com alguma

aparência de razão, duvidar da sua veracidade;

porque, se o princípio fosse uma quimera, as conseqüências

dele emanadas também o seriam; mas as coisas não se passaram assim...”
Allan Kardec

 

Bicentenário de Nascimento

Vida e Obra de Allan Kardec

Edson Audi

                

                

“O Espiritismo prende-se a todos os ramos da Filosofia, da Metafísica, da Psicologia e da Moral; é um campo imenso que não pode ser percorrido em algumas horas.”

 

 

 

 

 

“Se adotei os termos espírita, espiritismo, é porque eles exprimem, sem equívocos, as idéias relativas aos Espíritos.”

 

 

 

 

 

“Todo espírita é necessariamente espiritualista, mas nem todos os espiritualistas são espíritas”.

 

 

 

 

 

 

“O sobrenatural desaparece à luz do facho da Ciência, da Filosofia e da Razão.”

 

 

 

 

 

“da comparação e da fusão de todas as respostas, coordenadas, classificadas e muitas vezes retocadas no silêncio da meditação, foi que elaborei a primeira edição de O Livro dos Espíritos.”

 

 

 

 

“foi em 1854 que pela primeira vez ouvi falar das mesas girantes”.

 

 

 

Allan Kardec

O codificador da Doutrina Espírita